A bursite trocantérica é uma condição inflamatória que afeta a bursa trocantérica, uma pequena bolsa cheia de líquido que fica localizada no lado externo do quadril, sobre o trocânter maior do fêmur. As bursas têm a função de reduzir o atrito entre os ossos, tendões e músculos ao redor das articulações, permitindo movimentos suaves e sem dor. Quando a bursa trocantérica fica inflamada, pode causar dor intensa e limitar a mobilidade da pessoa, afetando as atividades cotidianas. Esta condição é particularmente comum em pessoas que praticam atividades físicas de impacto, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária.
Causas da Bursite Trocantérica
A bursite trocantérica pode ser desencadeada por uma série de fatores, sendo que o principal é o aumento da pressão ou atrito sobre a bursa do quadril. As causas mais comuns incluem:
- Movimentos repetitivos ou excesso de esforço: Atividades que envolvem movimentos repetitivos do quadril ou pressão contínua sobre a região podem levar à inflamação da bursa. Exemplos incluem corrida em superfícies duras, ciclismo excessivo, ou esportes que exigem movimento constante do quadril, como o tênis ou futebol.
- Lesões traumáticas: Traumas diretos no quadril, como quedas, colisões ou impacto direto na região do trocânter maior, podem causar irritação ou inflamação da bursa. Esse tipo de lesão é comum em esportes de contato ou atividades que envolvem alto risco de quedas.
- Mau alinhamento postural e biomecânico: Desvios posturais ou problemas de alinhamento nos pés, joelhos ou coluna podem sobrecarregar a articulação do quadril e aumentar a pressão sobre a bursa trocantérica. Isso pode ocorrer em pessoas com pernas desalinhadas ou com diferentes comprimentos nas pernas.
- Envelhecimento e desgaste articular: O processo natural de envelhecimento pode contribuir para o desenvolvimento de bursite trocantérica. Com o tempo, os tecidos ao redor da articulação do quadril podem perder sua flexibilidade e resistência, tornando-se mais suscetíveis à inflamação.
- Doenças inflamatórias: Certas condições inflamatórias, como artrite reumatoide ou gota, podem aumentar o risco de bursite. Além disso, pessoas com doenças autoimunes ou inflamatórias têm maior probabilidade de desenvolver essa condição devido à inflamação generalizada nas articulações e tecidos moles.
- Sedentarismo e fraqueza muscular: A falta de exercício regular pode enfraquecer os músculos ao redor do quadril, tornando-os incapazes de absorver adequadamente o impacto durante as atividades físicas. Isso pode resultar em maior pressão sobre a bursa trocantérica, levando à inflamação.
Sintomas da Bursite Trocantérica
Os sintomas da bursite trocantérica podem variar em intensidade, mas geralmente incluem:
- Dor no lado externo do quadril: A dor é a queixa mais comum, sendo sentida na região externa do quadril, no trocânter maior do fêmur. Ela pode se irradiar para a parte lateral da coxa ou até para o joelho, especialmente ao deitar de lado no lado afetado.
- Dor agravada por atividades: A dor costuma ser mais intensa durante atividades que envolvem movimento ou pressão no quadril, como caminhar, subir escadas, agachar, ou até mesmo ficar deitado sobre o lado afetado por longos períodos.
- Inchaço local: Pode haver leve inchaço na região do quadril, perto do trocânter maior, devido à inflamação da bursa.
- Sensibilidade ao toque: A área ao redor da bursa trocantérica pode ficar muito sensível ao toque, com dor intensa ao pressionar a região do quadril afetada.
- Limitação de movimento: Com o agravamento da dor, pode ocorrer uma redução da amplitude de movimento no quadril, dificultando atividades diárias simples, como andar ou sentar-se.
Diagnóstico da Bursite Trocantérica
O diagnóstico da bursite trocantérica é geralmente feito com base na avaliação clínica do paciente. O médico realizará uma história médica detalhada e um exame físico para identificar sinais de inflamação na região do quadril. Durante o exame físico, o médico pode pedir para o paciente realizar certos movimentos para verificar a presença de dor ou limitação de movimento.
Além disso, em alguns casos, exames de imagem podem ser necessários para confirmar o diagnóstico e excluir outras condições, como fraturas ou lesões nos tendões. Os principais exames utilizados incluem:
- Raio-X: Embora não mostre diretamente a bursa, o raio-X pode ajudar a identificar alterações na estrutura óssea, como artrite ou outras lesões no quadril.
- Ultrassonografia: A ultrassonografia pode ser usada para visualizar a bursa inflamada e ajudar a avaliar a gravidade da condição, identificando fluidos excessivos na bursa.
- Ressonância magnética (RM): A ressonância magnética oferece imagens detalhadas dos tecidos moles ao redor do quadril, incluindo a bursa, e pode ser útil para identificar lesões ou inflamações associadas.
Tratamento da Bursite Trocantérica
O tratamento da bursite trocantérica visa aliviar a dor, reduzir a inflamação e restaurar a função do quadril. As opções de tratamento variam de abordagens conservadoras a opções mais invasivas, dependendo da gravidade dos sintomas.
- Tratamento conservador
- Repouso e modificação de atividades: Inicialmente, é recomendada a redução das atividades físicas que causam dor, especialmente aquelas que envolvem pressão ou movimento repetitivo no quadril, como correr ou ficar em pé por longos períodos.
- Aplicação de gelo: A aplicação de compressas de gelo na área afetada por 15-20 minutos, várias vezes ao dia, pode ajudar a reduzir a inflamação e aliviar a dor.
- Medicação anti-inflamatória: Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como ibuprofeno ou naproxeno, podem ser prescritos para reduzir a inflamação e a dor na área afetada.
- Fisioterapia: A fisioterapia desempenha um papel fundamental no tratamento da bursite trocantérica. Exercícios de alongamento e fortalecimento dos músculos ao redor do quadril ajudam a melhorar a flexibilidade, reduzir a pressão sobre a bursa e prevenir futuros episódios de inflamação.
- Tratamentos mais avançados
- Injeção de corticoides: Para casos em que o tratamento conservador não é eficaz, o médico pode recomendar a aplicação de injeções de corticoides diretamente na bursa trocantérica. Esses medicamentos ajudam a reduzir a inflamação e aliviar a dor de forma rápida e eficaz.
- Terapia com ondas de choque: A terapia com ondas de choque extracorpóreas pode ser útil em alguns casos de bursite crônica, ajudando a promover a cura e reduzir a dor.
- Tratamento cirúrgico
Embora raro, quando os tratamentos conservadores falham, a cirurgia pode ser indicada para remover a bursa inflamada ou corrigir qualquer anomalia estrutural que esteja contribuindo para o problema. A cirurgia é geralmente reservada para casos graves e quando outros tratamentos não trouxeram alívio significativo.
Prevenção da Bursite Trocantérica
Embora não seja possível evitar completamente a bursite trocantérica, algumas medidas podem reduzir o risco de desenvolvimento da condição ou de episódios recorrentes:
- Fortalecer os músculos ao redor do quadril: Exercícios de fortalecimento muscular, especialmente os músculos do quadril, coxas e glúteos, ajudam a absorver o impacto e reduzir a pressão na bursa.
- Manter uma postura adequada: Manter uma postura correta ao andar, correr ou durante atividades diárias pode ajudar a evitar sobrecarga no quadril.
- Evitar atividades de alto impacto: Para pessoas que têm histórico de bursite trocantérica, evitar atividades de alto impacto, como corrida em superfícies duras, pode ajudar a prevenir o agravamento da condição.
- Usar calçados adequados: O uso de sapatos que ofereçam bom suporte ao arco do pé pode ajudar a melhorar a biomecânica da marcha e reduzir o risco de sobrecarga no quadril.
Conclusão
A bursite trocantérica é uma condição dolorosa que pode afetar significativamente a qualidade de vida. Embora as causas variem, geralmente envolvem movimentos repetitivos, trauma ou sobrecarga da articulação do quadril. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado, que incluem repouso, fisioterapia e, em alguns casos, injeções de corticoides, podem proporcionar alívio significativo dos sintomas. Com o tratamento adequado, a maioria dos pacientes se recupera completamente e pode retomar suas atividades normais.